A Nobreza do Pinus.

5 Mai

A Nobreza do Pinus.

Fui pesquisar como se faz palito de dente por que adoro aquela foto da GINA que inclusive está ilustrando o título desse texto sobre Pínus.

Pra deixar a história curta, palitos no geral são de Pinus, mas essa madeira é muito mais valiosa e importante que servir pra fazer palitos.

Cultura
No Brasil a madeira de Pinus é comumente ligada a usos pouco nobres, como formas e caixaria de estruturas de concreto armado. É o primeiro insumo que entra na obra, empregado na montagem do tapume, marcação dos gabaritos, delimitação de vigas baldrame e construção dos abrigos provisórios. Ao longo do tempo, o canteiro de obras vai modificando, a madeira vai se deteriorando, quebrando, e ao final da obra é descartada com péssima aparência e imprestável até para uso enquanto lenha. Este uso provisório traz uma má lembrança na memória das pessoas, atribuindo ao pinus uma imagem de madeira de má qualidade.
Nos países em que o sistema construtivo é mais avançado, como “wood frame” por exemplo, a madeira de Pinus é o principal insumo e responsável por estruturar toda a edificação. Neste contexto, o Pinus é tratado com todos os cuidados para garantir a durabilidade e estabilidade dimensional das peças. O tratamento preservativo em autoclave é a única forma de torná-lo durável em ambientes tropicais onde a presença de térmitas (cupim, etc) é inevitável.
Questões culturais são dificilmente alteradas rapidamente, e demandam muita informação. A TWBrazil, bem como as entidades associativas encabeçadas pela ABPM, juntamente com órgãos governamentais como IBAMA, e as usinas de preservação de madeira vêm esclarecendo e informando o mercado acerca das vantagens da escolha por madeira oriunda de florestas plantadas e preservadas.

Meio ambiente
O uso de madeiras de florestas plantadas, e uso de processos preservativos está diretamente ligado ao ciclo do carbono, impactando-o muito positivamente. Do ponto de vista técnico científico, a madeira representa o próprio carbono sequestrado da atmosfera (CO2), com uma grande aplicabilidade por suas nobres características. Desde o cultivo das mudas, até a entrega do Pinus preservado em sua finalidade, as emissões de carbono são baixíssimas, podendo ser até negativa, quando considerada a absorção do carbono durante o crescimento da árvore. Esta peculiaridade única da madeira, é o que torna seu uso ligado à sustentabilidade, principalmente quando as pessoas compreendem o ciclo do carbono.
Madeiras exóticas da flora brasileira, ou seja, que foram trazidas de outras regiões do mundo, como o Pinus (trazido em 1936), Eucalipto (trazido em 1904) não requerem a emissão de DOF (Documento de Origem Florestal) para comércio e transporte.

Tendências
Existe uma tendência mundial pela substituição do uso de polímeros, metais e concreto por materiais ambientalmente mais amigáveis, como a madeira. Isto reflete-se nas últimas edificações que vem gradativamente se popularizando, de edifícios residenciais ou comerciais, ginásios esportivos, arenas, anfiteatros à mobiliário urbano (mirantes, parklets, quiosques, parquinhos, etc).
Atualmente está em fase de elaboração, no âmbito da ABNT – Associação Brasileira de Normas técnicas, uma nova norma técnica que preconize o sistema conhecido como “wood frame”. Este sistema consiste numa estrutura de quadros de madeira, contraventados com chapas (madeira, gesso acartonado, placa cimentícia, vinil, etc), membranas inteligentes, isolantes termo acústicos, impermeabilizações de áreas molhadas, entre outros. Com base em normas técnicas já consagradas internacionalmente, e tropicalizada para as condições climáticas e culturais brasileiras, esta norma revolucionará a forma de se construir no Brasil, de forma mais rápida que da forma convencional, muito mais conforto térmico e acústico, e gerando empregos bem mais especializados de forma industrializada. A previsão do grupo de trabalho que vem desenvolvendo essa norma é de que entre em vigor na segunda metade de 2019.
A educação brasileira vem desenvolvendo um trabalho eco ambiental com as crianças, que vêm rapidamente tornando-se consumidor e optante por soluções ambientalmente responsáveis. A cada ano que se passa, pessoas acostumadas a consumir madeiras nativas saem de cena, e entram jovens preparados para o consumo responsável dos nossos recursos. Apenas essa mecânica social é responsável pelo crescimento orgânico do consumo de florestas plantadas para servir aos habitantes do nosso planeta.