Bioconstrução.

25 Abr

Bioconstrução.

Bioconstrução

Se voltarmos no tempo e olharmos para a arquitetura mais original dos povos ao redor do planeta, perceberemos a natureza como centro de tudo, e a bioconstrução colocada em prática desde sempre.

Os materiais usados eram extraídos e usados em seu estado mais bruto: terra, pedra, madeira, palha, bambu. As casas se erguiam e se desfaziam com o tempo, sem gerar resíduos, sem virar lixo, sem deixar rastros de destruição pelo caminho.

Mais que isso: havia uma ligação direta – e até afetiva – entre as casas e as comunidades, já que as pessoas (homens e mulheres) participavam diretamente de cada uma das etapas das construções, em lições que eram aprendidas na prática e passadas de geração em geração.

Sabemos, no entanto, das mudanças bruscas feitas pelos colonizadores mundo afora e da guerra cultural travada por séculos com os povos originários, de desmerecimento e descaracterização constantes de suas raízes mais essenciais. Com a Revolução Industrial, essas mudanças ganharam escala, força e muito investimento.

Construção civil na atualidade

“A indústria da construção civil se firmou desde sempre na ideia de crescimento exponencial ilimitado, em processos extrativistas. É uma artificialização do nosso modo de viver, que foi nos colocando alheios a essa problemática e deletando muitos outros mundos”, argumenta o arquiteto e urbanista Rodrigo Mindlin Loeb, professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie e entusiasta de uma arquitetura mais humana e restaurativa.

Um ponto de vista, mas o ideal é ter acesso e observar os diversos meios cosntrutivos.

Hoje já se sabe o tamanho dos impactos desse setor sobre o planeta. Estudos indicam que as construções consomem mais da metade dos recursos naturais do globo e respondem por mais de 30% das emissões de CO2 (com grande participação das empresas cimenteiras). É também a indústria que mais gera resíduos, além de consumir 40% de toda a energia produzida mundialmente.

E ainda cabem nesta conta: a perda de florestas e áreas verdes para empreendimentos imobiliários, boa parte do mercado de madeira ilegal, os materiais que agregam novos compostos químicos tóxicos ou de difícil reciclagem, os impactos ligados ao transporte de materiais e as torres verticalizadas que aumentam a densidade nas cidades e reduzem sua resiliência frente às mudanças climáticas.

E a bioconstrução?

Em meio a essa “maneira”  da construção civil, algumas frestas surgem e parecem pedir e ocupar cada vez mais espaço. É o caso da bioconstrução, um jeito e uma ética de construir que privilegiam materiais naturais, resgate de técnicas ancestrais e estratégias de redução de impactos ambientais na obra e durante toda a vida útil da construção.

A terra crua aparece como grande protagonista. E, se usá-la para fazer casas já foi “coisa de um passado primitivo”, há quem aposte que nada é mais futurista do que construir com solo do próprio terreno, usando diferentes técnicas ancestrais, adaptadas ou não. São parte desse universo:tijolos de adobe, taipa de pilão, pau a pique (ou taipa de mão), cob (barro moldado), superadobe (sacos de terra) e straw bale (construção com fardos de palha revestidos com terra crua).

Outros materiais naturais também ganham importância, como o bambu, a madeira de origem legal, pedras naturais e fibras vegetais (que entram na mistura do barro com a água, para dar mais resistência às paredes, e também em alguns telhados). Tudo de origem natural, extraído localmente ou o mais próximo possível da construção e adaptado ao clima da região.

No Brasil, a bioconstrução ficou conhecida a partir da disseminação da permacultura, sistema de técnicas que visam um estilo de vida ecológico e com muita autonomia, criado pelos australianos Bill Mollison e David Holmgren na década de 1970. Para construir uma cultura permanente com agricultura permanente era preciso também reformular as casas e outras construções.

Nessa jornada, saberes antigos vêm sendo recuperados e revalorizados. Outras técnicas surgem para compor um mix harmonioso entre passado e futuro. É o caso dos telhados verdes, de alguns sistemas de tratamento ecológico de esgoto e de reaproveitamento da água de chuva, das placas solares para aquecimento de água e geração de energia etc .

Para quem deseja se aprofundar tomo a liberdade da indicação de um livro chamado o “Arquiteto descalço” https://www.tibario.com/johan-o-arquiteto-descalco

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